domingo, 11 de julho de 2010

Endodontia em Crianças e Adolescentes - Parte 2: O Tratamento

Como já colocado em post anterior, a prevenção é o melhor caminho para evitarmos cárie, doença periodontal e outras doenças da cavidade bucal. Principalmente em crianças e adolescentes que são mais suscetíveis; seja pela imaturidade dos elementos dentais, seja pela maior dificuldade motora de higienização e/ou desleixo com a correta higiene bucal. Contudo, a Clínica Odontovip tem atendido um grande número de pacientes de pouca idade, com grandes cavidades de cárie, onde muitas vezes é necessário o tratamento de canal e posterior reconstrução dos dentes através de restaurações imensas e até mesmo coroas (próteses dentárias)! Quando tais elementos envolvidos são dentes de leite (decíduos), verificaremos a necessidade de manutenção destes dentes em boca, já que serão substituídos pelos permanentes. Fatores como idade do paciente, estrutura de raiz e coroa do dente decíduo afetado e grau de formação e maturação do dente permanente que está por vir são determinantes para a manutenção ou não (extração) de tal dente em boca. Na opção por manutenção do dente de leite, o tratamento de canal destes dentes será feito por Odontopediatra através de técnicas específicas para tal.
Mas, como já dito, por volta dos 06 anos de idade se dá o início das trocas de dentes, ou seja, a partir desta idade já começam a aparecer em boca os dentes permanentes. Estas trocas devem seguir por toda a infância e parte da adolescência (em média até os 14 anos). Quando ocorre cárie profunda, com dor e/ou abscesso nestes dentes permanentes, não há outro caminho senão o tratamento de canal visando a manutenção destes elementos. E a abordagem é exatamente a mesma de um adulto. Mesmo com pouca idade, tamanho e abertura de boca diminutas, receios próprios da pouca idade, não há outro caminho. Extração somente em último caso! Claro que não é o fim do mundo uma terapia endodôntica para um dente. É perfeitamente possível a devolução das funções e estética praticamente em qualquer situação. Mas o que eu quero transmitir é a possibilidade de se evitar sempre os tratamentos menos conservadores. Por isso, concluindo este post, bato na mesma tecla : a palavra-chave é a prevenção... E os pais tem papel importante, senão fundamental neste quesito. Estímulo à higiene oral e supervisão em casa e acompanhamento profissional periódico são suas responsabilidades.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cicatrização em Endodontia

Como já visto neste blog, podemos dividir os tratamentos de canal de uma forma bastante genérica em dois tipos: 1) Em dentes com a polpa viva (tecido interno vital – nervo existente- inflamação) e 2) Em dentes com a polpa morta ( necrose – abscesso – pus - infecção). Toda vez que fazemos um procedimento em Odontologia que envolve desgaste, corte e manipulação de tecido vivo, chamamos este procedimento de procedimento cirúrgico. Por isso somos denominados de Cirurgiões-Dentistas. Uma “simples” restauração é considerada uma cirurgia no dente. Deste modo, a Endodontia também se inclui nos atos cirúrgicos. Dito isto, nosso organismo sempre reage frente a qualquer tratamento que nele é feito, com vistas a reparar os tecidos e áreas que foram afetadas. Isto chama-se cicatrização. Basicamente, dentro das duas divisões (tipos) de tratamento de canal que nos referimos, também existem basicamente dois tipos de cicatrização esperadas. Nos casos de polpa viva, espera-se uma cicatrização na região da ponta da raiz que sofreu a ação efetiva durante os procedimentos endodônticos, mas que, sem a presença de bactérias, se manifesta apenas nos tecidos moles (ligamentos periodontais) que firmam o dente no osso. Nestes casos, é comum uma sensibilidade ao toque no dente tratado, já que este “toque” faz com que a raiz pressione esta área. Esta cicatrização se dá de uma forma mais rápida, geralmente não ultrapassando 30 dias de pós-operatório. Já nos casos de polpa morta e infecção, geralmente existe manifestação e ação bacteriana no osso alveolar (que aloja a raiz do dente), causando destruição e perda deste osso na região apical (ponta da raiz). Com isso, através da descontaminação intra-radicular que é realizada, o tecido ósseo afetado pode realizar sua cicatrização, que é bem mais lenta do que os tecidos moles do caso anterior, dando-se efetivamente por eliminação de bactérias, posterior deposição de uma base de fibras (colágeno) e recalcificação (deposição de Cálcio). Por isso que, nestes casos, o controle radiográfico para acompanhar esta cicatrização é longo, de 06 meses até 03 anos, dependendo do tamanho da área afetada. De todo modo, minha rotina é proservar/acompanhar todos os casos por pelo menos 02 anos.

domingo, 28 de março de 2010

Radiografia em Endodontia

Um grande número de pacientes me pergunta por que são necessárias várias radiografias durante o tratamento de canal. Bem, primeiramente é imprescindível um correto diagnóstico da patologia que está afetando o dente em questão. Para isso o Endodontista solicita radiografias e por vezes uma tomografia para poder avaliar a situação, diagnosticar, planejar o tratamento e executá-lo da melhor forma possível. Esta é o que chamamos de radiografia inicial. Durante o tratamento, devido ao fato de não podermos "enxergar" o interior do dente e consequentemente não podermos "ver" o que estamos fazendo, são feitas radiografias acessórias (odontometria e prova do cone (nível).
No tratamento endodôntico é fundamental a correta determinação da odontometria que é fase que demarca o limite longitudinal de instrumentação durante o preparo químico-mecânico. Erros na odontometria, por descuido ou imperícia, podem resultar em perfurações apicais, sobreinstrumentação, sobre-obturação, dor pós-operatória, além de instrumentação e obturação deficientes e incompletas. Por conseguinte, podem levar a terapia endodôntica ao insucesso. Por fim, após o tratamento ser concluído, o Endodontista faz uma radiografia final para pode avaliar a qualidade do tratamento executado, manter o registro arquivado no consultório para futuras consultas e também poder realizar as proservações (acompanhamento) que se acharem necessárias com vistas a manter o controle pós-operatório do dente tratado.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Endodontia em Crianças e Adolescentes - Parte 1: A Prevenção


Apesar de toda a evolução da Odontologia, do avanço dos estudos e técnicas de prevenção, da fluoretação da água de abastecimento e da conscientização da importância da manutenção de uma correta higiene bucal, tenho recebido em meu consultório um número expressivo de pacientes de pouca idade com a necessidade de tratamento de canal. Quase na totalidade, tratamentos de canal advindos de lesões de cárie avançadas... Por esse motivo, esta primeira parte tem como objetivo alertar principalmente os pais e responsáveis sobre tópicos que considero fundamentais.
A cárie é uma doença, uma lesão que acomete os dentes de forma silenciosa e invasiva, atravessando o esmalte e a dentina chegando até a polpa. Ela acomete tanto dentes permanentes como dentes de leite, com o agravante que em dentes decíduos (leite) é muito mais agressiva, pois a camada de esmalte e dentina é extremamente menor que a do dente permanente, atingindo a polpa muito mais rápido. É de suma importância a manutenção dos dentes decíduos até a erupção normal dos dentes permanentes. Estes ocupam o espaço enquanto os permanentes estão se formando e o tecido ósseo está em desenvolvimento, para poderem surgir na cavidade bucal no seu devido tempo. Se extraídos precocemente e desnecessariamente, podem provocar má oclusão por apinhamento e mau posicionamento dos dentes permanentes. Por isso a palavra chave chama-se prevenção.
Até o início da fase de puberdade, cabe aos pais o estímulo e a "fiscalização" da escovação das crianças, sua correta dieta e as visitas periódicas ao dentista. Outro ponto importante é que os primeiros molares (dentes de trás) que "nascem" por volta dos 06 anos de idade, ao contrário dos dentes da frente, erupcionam sem cair nenhum outro!! E por acharem que se trata de um dente de leite, os pais não dão a devida atenção, e logo, tais dentes apresentam cárie e passam a correr o risco de tratamento de canal
Observação final: Procure o dentista sempre para uma manutenção de rotina. Não deixe a cárie se aprofundar e procurar o dentista só quando doer. Poderá ser tarde demais. Aí a cárie poderá ter chegado até o canal e além de um tratamento mais invasivo se fazer necessário, haverá maior perda de estrutura dental precocemente.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Humor

Pra relaxar um pouquinho, afinal é sexta-feira!!

Aproveitando a oportunidade em que a clínica Odontovip lança o Dental SPA, com alcance internacional também em outras línguas, trago de forma bem-humorada alguns termos usados pelos famosos “manezinhos da ilha” - e seus significados - quando em visita aos consultórios médico-odontológicos:

As Cadêra – Os quadris
Beiço – Lábios
Bituração – Restauração dentária
Bocejo de malvi – Bochecho com chá de malva
Cacunda – Ombros
Cair os carrinho – Luxação da articulação Têmporo-mandibular
Canjica – Dentes
Chapa – Radiografia
Dente do cisne – Dente do siso
Distrair – Extrair um dente
Dôri – Dor
Figo – Fígado
Friáge, constipaçã – Gripe
Gingibra – Gengiva
Guspir – Cuspir
Inflamaçã nos echcutadô – Dor de ouvido
Ischtrômbo – Estômago
Lombo – Costas
Perereca – Prótese dentária parcial ou total
Pianço - Dificuldade respiratória
Pontear – Fazer a sutura após uma cirurgia
Presa – Dente canino
Quexal – Dente molar
Ranho, Catarro- Muco abundante nas narinas
Sarar o pisado - Curar uma ferida
Suvaco – Região das axilas
Ta bobo, maluco das idéia – Indivíduo com problemas neurológicos
Zóio – Olhos


Conhece mais algum termo? Basta acrescentar nos comentários...

domingo, 18 de outubro de 2009

Prognóstico em Endodontia

Sempre que se fala em qualquer tipo de tratamento de saúde (principalmente tratamentos estéticos) o primeiro pensamento que vem à cabeça é sobre o resultado. Depois é que, enquanto pacientes, nos preocupamos com os meios e o modus operandi empregados para se obter o resultado almejado. Em tratando-se de Endodontia não se espera nada diferente, em que pese algumas situações iniciais de dor e desconforto dentais diante das quais o paciente só está preocupado em se ver livre da situação emergencial em que se encontra.
Como colocado na sessão “Dúvidas freqüentes em Endodontia” no site http://www.odontovip.com.br/ , basicamente encontramos duas situações distintas que indicam o tratamento de canal: 1) Polpa viva e inflamada (sem pus) e 2) Polpa morta (necrosada), pus e abscesso. Na nossa área, o resultado esperado está relacionado diretamente com a condição patológica em que se encontra o(s) elemento(s) dental(ais) envolvido(s). De modo geral, quanto menos infecção, menos pus, menos bactérias estiverem presentes e atuantes, melhores serão os resultados obtidos. Logo, nos casos de inflamação espera-se evolução mais positiva que nos casos de infecção. E o que se entende por resultado em Endodontia? Como já abordado em posts anteriores, as bactérias que causam as lesões de cárie e que direta ou indiretamente causam inflamação e/ou infecção na polpa dental, acabam por causar também alterações dos tecidos de suporte do dente (que mantem o dente fixo), que são o ligamento periodontal, o cemento e o osso alveolar. Estas alterações, como em qualquer situação de agressão ao organismo (traumas, infecções, agressões químicas, drogas etc), geram um processo inflamatório, que nada mais é que uma resposta de defesa do corpo para identificar o agressor, neutralizá-lo, eliminá-lo e posteriormente reconstruir a área lesionada (cicatrização). E justamente visando esta cicatrização é que a Endodontia promove a remoção das causas desta inflamação/infecção que são bactérias, detritos, restos de polpa, pus, células mortas etc., que se encontram no interior dos canais radiculares de modo a “ajudar” o organismo nesta tarefa. Então, o resultado esperado é a volta à normalidade da região afetada, com possibilidade de manutenção do elemento dental envolvido e a volta às suas funções mastigatórias. O prognóstico dos tratamentos de canal é, na grande maioria das vezes, muito bom, com taxas de sucesso girando na casa de 98% nos casos de inflamação e de 93 % nos casos de pus e abscesso. Finalizando, costumo dizer que em sáude, nem sempre a lógica pode ser aplicada, nem sempre 1+1=2, ou seja, não quer dizer que um caso que parece ruim terá um resultado ruim. Mas alerto sempre os pacientes que, nos casos de sensibilidade em que já se pensa na possibilidade de tratamento de canal, estes não fiquem postergando, adiando. Nestes casos, quanto mais se espera, geralmente pior fica a situação e pior será o prognóstico.

sábado, 12 de setembro de 2009

Não tem preço

Existem momentos especiais que jamais se repetirão... Tive, neste feriadão passado, a felicidade de poder participar de uma etapa importante na vida da minha filha mais velha de seis anos. Pude voltar alguns (muitos) anos atrás e reviver a experiência da queda do primeiro dentinho de leite. Sim, minha primeira “janelinha” surgiu por volta dos meus cinco anos. Precoce como foram muitas etapas posteriores da minha vida. Como um sonho, meu dentinho caiu, com o perdão do trocadilho, comendo um sonho! E neste sete de setembro que passou, ao contrário da facilidade com que foi a minha “extração”, tive que levar minha filhota ao consultório para retirar seu primeiro dente de leite. Houve um misto de medo e ansiedade por parte dela. Medo natural ao desconhecido, já que ela nunca fez nada mais que apenas profilaxias e aplicações de flúor. Ansiedade, porque todos da turminha do colégio já estavam banguelinhas. E ela não queria ficar pra trás! E, pasmem, houve por minha parte um misto de nervosismo e angústia! Após doze anos de formado vivi uma experiência ímpar. Optei por fazer no consultório apenas para maior conforto dela já que o dente estava pedindo para cair, mas, que ainda preso, atrapalhava nas refeições. Apenas aplicamos uma pomada anestésica e removemos o dente com gaze. Apesar da simplicidade do procedimento, passei por momentos de provação. Um aperto no peito... Queria fazer tudo da melhor maneira possível e sem que ela sentisse nada. Até porque teremos mais 19 dentes decíduos a serem trocados pela frente! Mas no final deu tudo certo e ela se achou “linda” ao ver-se no espelho. E felicidade de criança não tem preço! E a cara de tolo do pai também não! Apesar da camisa encharcada de suor...