Considerando que o tratamento restaurador foi bem executado e sem falhas, inicialmente devemos verificar o quão profunda é a restauração. Entenda-se profundidade de restauração a proximidade desta com a polpa (tecido vivo no interior do dente - vulgarmente chamado de nervo). Não se trata de um medida exata, já que cada dente e cada paciente apresentam situações diferentes e conformações anatômicas diferentes. Nas fotografias que seguem, exemplificamos duas condições distintas:
Situação 1 - Corte longitudinal de um dente molar onde identificam-se as três estruturas básicas que compõem o elemento dental: Esmalte (externo), Dentina (intermediário) e a Polpa (interno). Podemos verificar que neste caso a polpa (vermelho claro na seta) reagiu (retração) à restauração (R) e ao forramento (F), ambos profundos, mas manteve sua vitalidade. Nestes casos, é comum uma sensibilidade inicial (frio e doces em especial), mas que deverá desaparecer em pouco tempo.
Situação 2 - Corte longitudinal de um dente molar onde identificam-se as três estruturas básicas que compõem o elemento dental: Esmalte (externo), Dentina (intermediário) e a Polpa (interno). Podemos verificar que neste caso a polpa (escuro na seta) reagiu mal à restauração (R) e ao forramento (F), ambos profundos, perdendo sua vitalidade (necrose). Nestes casos, é comum uma sensibilidade inicial (frio e doces em especial), manutenção desta sensibilidade por mais tempo e consequente abscesso a médio e longo prazo.
Em ambos os casos, evidentemente não podemos fazer estes cortes longitudinais nos dentes para podermos avaliar em que situação o caso se apresenta. O endodontista faz radiografias e testes de vitalidade/sensibilidade de modo a ter um diagnóstico e poder determinar se é ou não necessário o tratamento de canal do dente afetado. Muitas vezes, a sensibilidade pós-restauração é considerada normal quando a dor é somente provocada (não espontânea), leve e passageira. Em casos contrários, muitas vezes se torna necessária a intervenção do endodontista. É importante saber que, na maioria das vezes, tal sensibilidade não é responsabilidade do Cirurgião-dentista que executou a restauração. Também independe do tipo de material restaurador utilizado (amálgama, resina composta, compômeros, cerômeros etc). Mas é comum o paciente "ir levando" e convivendo com esta sensibilidade... Sempre alerto meus pacientes para que os mesmos façam visitas periódicas de controle e proservação destes casos, de modo a evitar "surpresas desagradáveis" como dor violenta, desconforto e inchaço em muitas situações em que não há dentista por perto ou disponível!